Bem-vindo ao blog do Laboratório de Bioinformática Estrutural (LaBiE) da ULBRA

Laboratório vinculado ao Curso de Química e ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Toxicologia Aplicada (PPGGTA) da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra)
Localização:
Av. Farroupilha, 8001 - Prédio 01, Sala 122 - Bairro São José, Canoas/RS
CEP: 92425-900 - Tel: +55(51)34774000 ext 2774

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Exame identifica proteína que age na reparação de tecidos

Cientistas estão desenvolvendo um exame de sangue capaz de medir a velocidade de envelhecimento dos órgãos numa escala molecular. Além de ser uma importante ferramenta para a compreensão do envelhecimento humano e a criação de tratamentos estéticos, trata-se de uma arma das mais importantes para entender a disseminação de células cancerígenas.

Os especialistas descobriram que, à medida que os tecidos se deterioram, as concentrações da proteína p16INK4a aumentam muito.

Medir os níveis dessa proteína poderia ser um indicador da saúde e de como os tecidos vão responder a tratamentos e cirurgias, segundo pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, publicado na revista “Aging Cell”.

Cientistas já estavam interessados na p16INK4a por seu papel importante na supressão do desenvolvimento de câncer. Ela está presente nas células-T do sistema imune, essenciais no combate a infecções e na reparação tecidual.

A equipe observou ainda que os níveis da proteína tinham forte ligação com certos comportamentos, como hábito de fumar e inatividade física, conhecidos por acelerar o processo de envelhecimento.

— É o maior passo para diferenciar a idade molecular da cronológica — diz o cientista Norman Sharpless.
(O Globo, 18/6)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

DNA apagado dobra risco de tumor no cérebro, diz grupo

CLAUDIO ANGELO
editor de Ciência da Folha de S.Paulo

A evolução do cérebro humano pode ter brindado a espécie com um tipo letal de câncer. Pesquisadores dos EUA e da Europa relatam hoje que uma variação genética ligada ao desenvolvimento do cérebro dobra o risco de neuroblastoma --que responde por 20% dos tumores infantis.

Analisando o genoma de mais de 5.000 pessoas, o grupo liderado por John Maris, do Hospital Infantil da Pensilvânia (EUA), descobriu que a variação no número de cópias de um gene chamado NBPF23 está ligada ao surgimento da doença. "Ela dobra o risco", disse Maris à Folha. "Mas, como se trata de uma doença rara, isso não quer dizer nada em termos de diagnóstico."

O que interessa na pesquisa, afirma Maris, é que ele e seus colegas acharam um fator de risco para a doença onde pouca gente havia procurado.

A variação no número de cópias é um mecanismo descoberto recentemente pelos geneticistas. Em 1998, o grupo do americano Evan Eichler, hoje na Universidade de Washington, mostrou que o genoma humano tem regiões instáveis, nas quais alguns genes são copiados várias vezes ou deletados. Eichler compara algumas dessas regiões a "vulcões cuspindo DNA". Hoje sabe-se que 5% do genoma humano contém sequências duplicadas. Algumas dessas inserções e deleções já foram ligadas a doenças.

Uma dessas "más vizinhanças" do genoma é a chamada 1q21.1. Ali já foram achados genes que variam em número de cópias e estão ligados a doenças mentais, como autismo e esquizofrenia, mas que também podem ter relação com a cognição. Foi nessa região que Maris e seus colegas descobriram o novo gene ligado ao neuroblastoma. Deleções ali afetam a maneira como o gene NBPF23 se ativa, causando o tumor.

Segundo Eichler, o estudo, publicado hoje na "Nature", é interessante porque essa região do genoma evoluiu recentemente --nos últimos 10 milhões de anos-- e está possivelmente relacionada com o desenvolvimento do cérebro dos humanos e dos seus parentes mais próximos, como gorilas, chimpanzés e bonobos.

"É um gene numa região que evoluiu rapidamente e está ligada a outras doenças do sistema nervoso", afirmou Maris, para quem a relação é "intrigante". "Esses genes de humanos e macacos ainda não foram estudados adequadamente e, portanto, são uma lacuna na nossa compreensão de doenças humanas", disse Eichler.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Proteína promissora - Tratamento para lesões de medula apresenta excelentes resultados em testes com ratos

A recuperação de algumas funções motoras perdidas após acidentes com lesões na medula já não é mais um sonho – pelo menos para roedores. A responsável pela boa notícia é uma proteína que, aplicada na região afetada durante a fase aguda da lesão, mostrou-se capaz de promover o crescimento de neurônios adultos. Testes em ratos conduzidos por pesquisadores brasileiros apresentaram bons resultados até em casos de rompimento completo da medula.

Os resultados foram obtidos por pesquisadores do Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O grupo mostrou que uma proteína presente na matriz extracelular, a laminina, é capaz de promover o crescimento da parte responsável pela condução dos impulsos elétricos dos neurônios (os axônios), quando depositada em solução ácida. Estudos já haviam demonstrado que a medula pode apresentar uma pequena regeneração após ser lesionada, mas as aplicações da proteína tiveram resultados impressionantes.

Em sua tese de mestrado, a bióloga Karla Menezes, orientada pela professora Tatiana Sampaio, testou a aplicação da proteína em lesões de medula em ratos e constatou que ela pode ajudar a recuperar funções motoras consideradas perdidas.

“A paralisia de membros após uma lesão de medula ocorre devido ao comprometimento dos axônios, que são como fios elétricos que conduzem as informações do cérebro ao resto do corpo”, explica Menezes. “A aplicação da laminina em pH ácido ajuda a preservar os axônios da degeneração, além de estimular sua regeneração”.

Roedores lesionados
Os pesquisadores injetaram a solução de proteína na medula de ratos com lesões leves, moderadas ou graves. As aplicações foram feitas entre trinta minutos e 10 dias após as lesões. Testes funcionais foram realizados periodicamente para analisar o equilíbrio, a força e o reflexo dos animais, avaliados segundo uma escala que ia de zero (nenhuma resposta) a 21 (movimento normal).


Clique para assistir ao vídeo que mostra parte dos testes que avaliaram a recuperação de um rato com lesões graves na medula após receber tratamento com laminina (imagens: Gabriel Maia).

Já nas primeiras semanas, foram detectados excelentes avanços nos animais com lesões leves, que chegaram ao fim do tratamento com 21 pontos, contra 17 dos animais que não foram tratados. “Em humanos, esse resultado seria o equivalente a uma pessoa que sai da cadeira de rodas e passa a usar uma bengala”, compara Menezes.

Já os animais que tiveram a medula inteiramente partida (simulação de uma lesão gravíssima) obtiveram nota 10 na oitava semana contra uma nota máxima de 4 dos animais não tratados. Nesse caso, os animais não conseguiram executar o movimento completo ao andar, mas tinham força suficiente para sustentar os quadris e podiam posicionar as patas de acordo com o movimento que desejavam fazer.

“Esses avanços representariam uma enorme diferença para um paciente que não tivesse nenhum controle sobre os membros”, argumenta a bióloga.

Ação anti-inflamatória
Após análises de frações das medulas lesionadas, os pesquisadores constataram que, além da estimular o crescimento dos axônios, a laminina possui propriedades anti-inflamatórias. Logo nos primeiros dias de aplicação, o número de macrófagos (células que destroem o tecido morto ou infectado) na região afetada foi muito menor nas medulas tratadas. Além disso, o nível da proteína C reativa, que indica a ocorrência de inflamação aguda, foi muito abaixo do esperado.

A pesquisa concluiu que a laminina não só estimula o crescimento de novos axônios e restitui as funções perdidas pelos neurônios no momento da lesão, como também protege o tecido nervoso da reação inflamatória que ocorre após a lesão da medula, o que evita danos e acelera a recuperação do paciente.

O artigo que apresenta em detalhes os resultados do estudo foi submetido a um periódico da área. O próximo passo dos pesquisadores será testar a solução de laminina associada ao uso de células-tronco derivadas da medula óssea, do tecido adiposo e da mucosa olfativa. “Já testamos estes tratamentos isoladamente com bons resultados”, afirma Menezes. “Esperamos que, combinados, eles apresentem resultados ainda melhores”, aposta a pesquisadora, que desenvolve o novo estudo para sua tese de doutorado.


Barbara Marcolini
Ciência Hoje On-line

terça-feira, 2 de junho de 2009

Instituto Butantan pretende produzir vacina com a o vírus da gripe no hemisfério Norte para as regiões Norte e Nordeste do Brasil

Agência FAPESP – O Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, anunciou que pretende produzir a partir do ano que vem uma vacina com a cepa do vírus da gripe no hemisfério Norte para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. A estimativa é que a iniciativa faça a cobertura vacinal da região saltar dos atuais 30% para cerca de 65%.

Segundo a Secretaria da Saúde, o objetivo é aumentar a cobertura vacinal no país, uma vez que as pessoas dessas regiões encontram-se expostas a outros tipos de vírus, não prevalentes no hemisfério Sul. Todo ano, a Organização Mundial da Saúde define a composição da vacina de influenza sazonal e lista para cada hemisfério os quatro vírus mais recorrentes nas regiões.

Outro fator importante é que a região deverá ter um calendário específico para a campanha de vacinação contra a influenza. A mudança se deve aos ciclos diferentes dos vírus nos hemisférios e à localização das regiões Norte e Nordeste do Brasil, próxima à linha do Equador. A iniciativa deverá diminuir ao menos pela metade o número de internações em decorrência da gripe.

“É muito importante essa iniciativa para que as pessoas dessas regiões não tenham a falsa impressão de que a vacina não funciona, uma vez que, detectado o problema, ele seja resolvido. A cobertura vacinal da região deve no mínimo dobrar, reduzindo o número de internações e evitando a morte de milhares de pessoas em função de complicações decorrentes da gripe”, afirma Isaías Raw, presidente da Fundação Butantan.

Reportagem publicada em maio na Agência FAPESP destacou estudo feito por pesquisadores brasileiros e norte-americanos, que concluiu pela recomendação da adoção da vacina contra a gripe com composição específica para o hemisfério Norte também no Brasil.

“Os resultados mostram que, provavelmente, para aumentar a eficiência da vacina contra gripe no Brasil, teremos que alterar o timing da vacinação, aplicando-a aqui na época recomendada para o hemisfério Norte”, disse Wladimir Alonso, pesquisador do Centro Internacional Fogarty, dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), um dos autores do estudo.